quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando todo final for o que restou de mim ...



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Sou o que sobrou do brilho intenso que teus olhos mostravam
E não me restou nada a não ser a escuridão dos sonhos
E nem dos anjos que imaginávamos voar
Sobraram as asas para agarrarmos

E como no primeiro poema
Em que olhei minhas mãos e as imaginei velhas e enrugadas
Do tempo perdido com um amor que não existia
Elas ainda envelhecem sem nenhuma outra a lhe apertar com carinho
E vendo os anos passando , e seus invernos sem fim
Por vezes creio que as verei gélidas
Balançando solitário na única cadeira de balanço da varanda
Vendo o pôr do sol e a noite chegar
E a morte que se anuncia como nó na garganta
Do mesmo tempo que achamos ser eterno
Não sai mais com um grito de amor
Então aconchego-me entre os trapos de tecido e os da alma
E balanço-me esperando a juventude de um coração que ainda bate
E tem apenas um ritmo quando das suas recordações me lembro
A morte talvez me encha de esperança
A morte física do desprender desse corpo que sofre
Pois vivo o balanço do meu corpo já morto pela falta da luz que vinha de seus olhos
E do sorriso que alegrava os dias

Um homem não é mais que seus sonhos
Um homem não é nada sem amor
Um amor sem sonhos é como homem sem alma
Sem sua alma não existo , não existe sonhos ... nem amor

As estrelas agora me fazem companhia
Neste lugar em que ter um corpo não importa
Então em sonho sobrevôo teu corpo e teu toque
E de desejo em desejo , descanso em teu ventre
A idade não me impede de sonhar , de ser feliz
Apenas o acordar é destruidor
Permita-me então dormir eternamente ... num sonho amante
De almas entrelaçadas
E corações vivos
Não me acorde mais ...

O que percebi nesses anos todos ?
O tempo sugou-nos ... e só restou a mim
Um velho corpo morto de uma alma que não viveu
A balançar-me entre cobertores , em nossa varanda ...

Fabricio Marchi

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