segunda-feira, 26 de abril de 2010
Cronica sobre a solidão ...
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Somos todos solitarios
Entretanto arriscamos nos encontrar
Não em nós mesmos
Mas no espelho da retina de alguém
Construímos castelos resistentes a tudo
Menos para a ausência de nele residir só
E o mundo que nos cerca pede que encontremos alguém
Não sei se por imposição , costume , hormônios ou amor
Mas na maioria das vezes são encontros frustrados
Não duram mais que a segunda ou terceira reconciliação
Os corações quebrados em reconsideração
Recolados varias vezes , até que não haja mais a forma inicial
A verdade é que sempre estamos solitários
No vão das horas , falta um colo sem espinhos pra deitar
Alguém que vc tome cuidado
E que cuidado tome contigo
Não estou falando de ombro amigo
Desse vc pode trocar por algo valioso
Mas o calor do corpo nu sob o seu lhe dizendo que é seu ... é fato raro
Ora afastam-se , ora vc se afasta
E a solidão lhe pega a mão
Descontentes diante da monotonia de se doar em cobrança
Logo o amor que não se cobra
Lançam mão da companhia aconchegante
Mas bem é verdade que aconchego não é amor
Nem presença , nem palavras , nem gestos , nem gozo
Muito menos só alegria , afago
Ou mera companhia
A solidão acompanha os indecisos
Os que amam pela metade
Mas há amor pela metade??
Não deveríamos chamar de amizade?
Pq beijar uma boca em compaixão ?
Se amor é desejado com paixão ?
Delírio , derretimento
O olhar-se e ver sua alma no sorriso alheio
Não ter medo de sentir-se inserido em meio
A um coração que lhe chama em canção
Não poderia assim , existir solidão ...
Entre prosa e verso invento rimas
Afim de tentar explicar
Pq não conseguimos conexão
Entre as pessoas que se dizem amantes infinitas
Desculpem-me os que se declaram em palavras
Mas a solidão é amiga de palavras bonitas
Passeando...
Vejo as pessoas e seus olhares perdidos
Da vida perdida em busca de algo que as complete
Que de sentido aos seus passos
Status , reconhecimento , dinheiro
Carros , emprego , futuro
Duram tão pouco
E qdo vemos ... o futuro já foi
E basta olhar o anos estampados em seus rostos
E me pergunto em silencio
“Vc amou ?”
“Vc se deu a essa pessoa ?”
“Pq não deu certo?”
“Era real?”
E a seriedade com que passam ligeiros
Me faz ver suas casas
Seus cômodos , seus quartos , suas promessas de “amor eterno”
E dos raros casos de felicidade , restam tiros de festim
De relações com prazo de validade sempre no fim
Ou juras de amor meio ... “assim assim”
Aí vc apura tua visão
E sabe que há algo construído por trás das mãos dadas
Que na verdade adorariam estar livres , desatadas
Almas na eterna procura da alma
Descontentes mas ... conformadas com o que o mundo lhe deu
Então escondem-se em seus balcões
Seus escritórios
Seus hobbies
Seus estudos
É onde se encontram de verdade ... mas ... Onde está a pessoa que amam ??
Não existe
“É uma boa companhia”
“Um bom partido”
“Um bom ouvinte”
“Alguém que nunca diz não”
Amor ?? Juram que sim
Mas ao olhar melhor , são solidão !
Qdo é que vamos realmente amar ?
Será que encontraremos mesmo uma ALMA
Aquela que vc sente o coração faltar qdo ela lhe falta ?
Não falo de dependência pura e simples
Apesar que depois de alimentados de amor
É como droga que nunca recusamos
Nos tornamos dependentes desta
Pq somos solitários então ?
Andamos na multidão
E não há preenchimento ?
Hoje entendo os ébrios e seus vícios
Já não os julgo como fracos
Mas desistentes da busca
Remédios , terapias , teorias
A tristeza , a desilusão ... a depressão
São sintomas do mal que a humanidade fez a si mesma
A de não mostrar a alma clara
Prédios erguidos sobre conceitos tão frágeis
Que se desintegram num toque de carinho
Num sorriso gracioso
Num “Sou seu”
E voltam a sustentar o vazio
Qdo cheios desse amor estamos
O mal do homem é amar loucamente
Tendo limites , estando seguro , tendo troca
É um contra senso boboca
Loucura e limites
São antagônicos sentimentos
Sinal de que o medo é maior que a entrega
Então pega firme nas mãos do companheiro ou do que tem valor
E caminha em falso pela eternidade
Cabeça erguida em mentiras
Peito estufado de ar puxado em vão
Queria na verdade se tornar areia e se espalhar pelo chão
Chorar rios de magoas
Mas aceita a imposição
A de seguir pela metade , mas juntos
Na doce companhia da solidão ...
Fabricio Marchi
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