segunda-feira, 8 de agosto de 2011

EU E MEUS BOTÕES ... DIGO "ASAS".


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Talvez eu não tenha asas
Sou daqueles anjos que não sabe voar
Mas deseja
Talvez nem saiba sonhar
Ou sonhe demais
Ou nem anjo eu seja

Tenho o dom de aliviar
E pavor de altura
Acho que entre um afago ou um rasante a vista
Prefiro parar na pista
E ouvir o final da tua jura ...

Ah esses anjos sem poderes

Estou sempre ali
Dizem que guardamos de quem amamos
Seu sono mais profundo
E antes que o mal lhe toque
E te faça o sonho perde-lo
Alcançamos a alma e a protegemos
Antes do pesadelo

Quando o sonho ruim chega
E nos consola a nossa considerada fraqueza
Já não nos alimentam mais com suas preces
E bradam : “Achas que minha atenção ainda mereces?
Saia daqui ave agourenta
Não me salvaste quando precisei
Só me trouxe má sorte
Onde estavas quando te chamei?
Troquei-te feliz e radiante pela morte !”

È . essa coisa de sermos invisíveis aos olhos dos incrédulos incomoda
Gritamos e nada
Acho que existe algum tipo de cortina
Que embaça , distorce a retina
E por mais que se faça limpeza
Justamente nos olham por aquela sujeira pequenina ...

Poetizei sobe mim mesmo
De que voaria entre campos e as estrelas
A carregar o amor nos braços
Acho que assim ainda o faço
O tempo passa e o trabalho muda de sabor
No ar pairamos ainda
Mas quem disse que acorda o amor ?
Dias vem , noites vão surgindo
E quem queremos que acorde , continua dormindo...

Fantasmas vivos , que ninguém vê
Choram e ninguém vê
Crêem e ninguém crê
Tens e nem sabes porquê
Não enxergas , não acreditas
Mesmo esbarrando em você

Ô ser humano tapado
Bom , também sou um bom desajeitado
Não aprendi a me mostrar

Bato as asas e nem percebe

Estendi-lhe as mãos
Escorregou , escapou , caiu no chão
Eu e essa minha falta de dom
Não ouvem minha voz sem som
Assim me faz acreditar que sou um anjo bem aquém!!
Daqueles que Ainda Não salvaram alguém

Dei-me o prazer da solidão
Caminho entre as avenidas
Entre as pessoas
Entre as madrugadas
Não sou anjo caído , nem tenho patente de serafim
E por fim
Tenho as asas amputadas
Nesse descaminho , ergui meus olhos e não tive resposta
Nem tão terra , nem inferno
Não tornei-me raivoso , mas da ternura , esqueci-me de ser terno
Troquei o amor pelo infinito
Desisti de acreditar em paraíso
Acreditaram que por ser celeste não preciso
Mas tolamente em anjos tal qual a ti ... ainda acredito ...

FABRICIO MARCHI

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