quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do crescer que não quero ...


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Da criança sem limites e inconseqüente
Da alegria imbecil e incoerente
As pessoas e a vida mostraram-me
Que o que antes se tornava graça sem motivo
Hoje preciso de esforço para rir

Sempre quis ser “gente grande”
Daqueles de cinema , impassíveis , sérios
Engraçado que me esforcei tantas vezes em matar o menino
Hoje sinto falta de não me achar feio
De ser indiferente as tristezas e ao destino

Como criança que cai , se machuca , mas levanta em seguida
Antes bastava sorrir pra sentir que nada tinha mais importância
Que o mundo que eu criava
Hoje , vivido , forte
Não consigo sustentar meu peso

Achei quando jovem , que jovem permaneceria eternamente
Daqueles que mudam a vida de alguém
Que mostra que ela é divertida
E eu equivocado , acabei descobrindo
Que cada um faz sua vida em sua solidão , em suas certezas , sozinhos
E que posso ser inconveniente
Muitas vezes infantil , irresponsável
Mostrar a facilidade de outros caminhos

E então tenho desistido do menino sonhador
Da ideologia sem causa
Leve menino que das dores alivia
Para olhar-me diante do espelho e ver que nada fui
Nada construí ... e que hoje me cobram por ser senhor
Mas o que desejar de uma vida que pode acabar daqui a pouco ?
Que riqueza levaremos senão a sensação de uma alma leve de criança ?

Quem sofre menos
O menino que se dizia frágil
Ou o homem que passou a sorrir vagamente ?

A vida com seus exemplos respondeu-me cruelmente :

“Perca a fantasia , homem
As crianças se perderam ...
Preferiram enfrentar o mundo , crentes que o venceriam
Que seus troféus são as cicatrizes que ostentam
Arranhados entre os gravetos
Sangrando marcas
Essas tornam-se homens
Pois sabem agora o que desviar
Antes escolhessem seguir seus corações de crianças
Teriam aproveitado tão melhor , o jardim florido que ergui sobre suas cabeças !”

Desde então o menino apenas observa
Ao mesmo tempo que o homem chora sua saudade
De alguma virtude que ainda preserva
Tentando adequar sua própria idade ...

Fabricio Marchi

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